Sarah,
Escrevo-lhe com a angústia dos anos que
passaram desde o ultimo afago que nos foi possível. Não penso na involmuidade do tempo, já basta a
nostalgia dos antigos momentos de feliz idade que tivemos. Quando penso nos
sorrisos que se deterioraram com o passar sinto a face entorpecida pelos mais
vastos e impróprios sentimentos. Foi tanto, foi tempo, e o verbo exato é este:
foi. E no tempo dos verbos sinto a peso do que agora se projeta frente aos meus
olhos e, brevemente, frente aos teus. Hoje sentei-me a porta de um lugar
qualquer pensando nas alegrias de nossa amizade frutificada. Sempre fomos tão
diferentes, tão incompletas e engasgadas com o pouco do tudo que podemos ver. Eu
esperei o momento certo, a hora vaga, pra dizer as palavras de um livro que
talvez, mudasse o tudo. Admirei-me por um mundo novo, admiraste a ti também?
E no esboço dos dias que seguiram desde então,
caminhamos paralelamente por diversas portas em busca de algo pequeno e amorfo,
tão cego quanto um morcego que, ainda assim, vê.
Eu sinto falta, falta até mesmo de faltar.
Afetuosamente,
Tristeza
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