Afonso,
Não
há palavras sem pronuncia, mas a boca seca, esvazia-se
e emudece.
Poderia dizer que
estes malditos códigos são pequenos, e impróprios.
E sinceramente,
não quero operar por similaridade.
Não quero evocar sentidos.
Há
um hiato entre ser e não ser mais. Aquilo que sentimos nos diz sobre
nós, e apenas o Eu reconhece-se em vestidos de um outro que o é.
Que jogo doente!
Sofro
por mim. E não há véspera para isso. Não há um só momento de
brevidade em antecedência da queda.
O
tempo amortece as pontas amoladas que entram garganta a fora.
Toda
esta complexidade para existir, e tão somente por. Não há escolha,
desde então. E o mundo gira, continua livremente girando, como se
tudo ocorresse de maneira sistematizada, com uma lógica própria de
sentido e derivação perfeita, habitações perplexas de nada. De
gente que circula por linhas iluminadas, seguindo um destino gosmento
de vida, de sonho, de caos. Como a borboleta preta que morre por ser
preta, sem escolha nem de um, nem de outro […]
Nada
que escape a um texto sem travessias de linguagem.
No
mais, atribuo o escrito a aquilo que persiste.
Tristeza
10.
12 .2013
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