terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10. 12. 2013

Afonso,

Não há palavras sem pronuncia, mas a boca seca, esvazia-se e emudece.
Poderia dizer que estes malditos códigos são pequenos, e impróprios.
E sinceramente, não quero operar por similaridade.
Não quero evocar sentidos.
Há um hiato entre ser e não ser mais. Aquilo que sentimos nos diz sobre nós, e apenas o Eu reconhece-se em vestidos de um outro que o é. Que jogo doente!
Sofro por mim. E não há véspera para isso. Não há um só momento de brevidade em antecedência da queda.
O tempo amortece as pontas amoladas que entram garganta a fora.
Toda esta complexidade para existir, e tão somente por. Não há escolha, desde então. E o mundo gira, continua livremente girando, como se tudo ocorresse de maneira sistematizada, com uma lógica própria de sentido e derivação perfeita, habitações perplexas de nada. De gente que circula por linhas iluminadas, seguindo um destino gosmento de vida, de sonho, de caos. Como a borboleta preta que morre por ser preta, sem escolha nem de um, nem de outro […]
Nada que escape a um texto sem travessias de linguagem.
No mais, atribuo o escrito a aquilo que persiste.




Tristeza
10. 12 .2013

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