Ausência,
Escrevo, pois tudo é
metafórico tal qual a busca das palavras atônitas que cercarão minha voz. A
escrita é urgente, instintiva, e não posso mais ser omissa.
Se antes escrevi os
meus seres, proclamava-os na instância das palavras, hoje o faço de modos
contrários.
Assim, o faço para
silenciar. Silêncio que estabeleço ao dizer e chamar-te Ausência. Meu espírito
reencontra a si, mais uma vez. Reconhece em resistência. Vivo ao resistir. Opto
pelo desaparecimento que diz: resisto. Nego a existência. Resisto, uma vez
mais. Escolho o silêncio insustentável do não
ser.
É a causa do não ser.
Eu seria eternamente
o seu bichinho, entretida em relações e complexidades; deixaria que me
esfolasse a pele, que brincasse com minha personalidade e afligisse a moral dos
contructos. Deleitar-me-ia com todo o jogo das contradições, seria solícita e
prestativa ao teu amor. Eu te amo, em propósito. Já fui sua santa, seu colo, já
beijei suas lágrimas, fui fruto e alvo dos filhos que trouxe ao mundo. Orei e
mijei nos seus relicários, sem nunca ter pisado no chão da sua casa. Eu fui
sua, sem nunca tê-lo sido. Eu seria seu bichinho, nunca sua mulher. Por mais
que você o tenha quisto, que você o tenha negado, que você o tenha implorado –
ao silêncio –. Eu resisti. Não no espaço cognoscitivo das almas, mas naquilo
que chamarei de natureza. A minha natureza resiste. Ela é resistência. Neste
complexo instante eu vejo como o fiz durante toda a vida. Os meus olhos
resistem a entrega, minha boca resiste as letras, minhas mãos a servir, e meus
pés dançam [...]
P.S: This time I'm gonna keep me all to myself
Tereza
27.04.2015